segunda-feira, 31 de maio de 2010

FOTOS HISTÓRICAS III

Inauguração da Escola "Dr, José Malcher". Na foto, o então Governador do Estado, Alacid Nunes e o prefeito Municipal, Sr.José Soares da Gama.

VISÃO AÉREA DE COLARES

Vista aérea da Ilha de Colares

A Ilha de Colares é cincundada pelas águas do Rio Pará.


O patrimônio natural do Município é constituído de praias, rios, igarapés formações rochosas que encontram-se à frente da sede do município.

Há diversas praias: Praia do Rio Novo, em frente à sede do Município; Praia do Humaitá, em frente à Praça São Pedro, na Av. Beira Mar; Praia do Machadinho, a 6 km da sede do Município;

Há rios de maré como o Rio Tupinambá, que nasce na ilha de Colares e deságua na baía do Marajó, sendo navegável por pequenas embarcações numa extensão de aproximadamente 10km. As marés e as chuvas fazem variar seu volume de água; há o Rio Tauá, que deságua na baía do Sol e outros.


O AUTOR DO "TESOURO DESCOBERTO NO MÁXIMO RIO AMAZONAS" E COLARES

Vista em frente à Igreja Matriz na sede do Município.

São da autoria do Pe. Jesuíta JOÃO DANIEL, nascido em Portugal, em julho de 1722, e que viveu na Amazônia de 1741 à 1757, as informações sobre Colares, descritas em “Tesouro Descoberto no Máximo Rio Amazonas”. Sua obra foi escrita entre 1757 e 1776, quando estava preso, por ordem do Marquês de Pombal, primeiro no Forte de Almeida em Portugal, de 1758-1762 e depois na Torre de São Julião, onde permaneceu recluso por 14 anos até o ano de seu óbito, em dezenove de janeiro de 1776. Impressiona pela abrangência e pelo poder de descrição constituindo um verdadeiro tratado, contendo tudo o que os cronistas e historiadores sabiam, então, sobre o Amazonas e como poderiam ser utilizadas suas potencialidades.
Sua obra possui seis capítulos: o primeiro anuncia “a notícia geográfica-histórica” da Amazônia com a descrição, descobrimentos, origens dos nomes, principais rios, qualidade das águas e do clima, povoações, fauna e flora. O segundo, expõe “a notícia geral dos índios, seus naturais, e de algumas nações em particular”: povoações indígenas, suas religiões, línguas, habilidades e aptidões, doenças, seus usos e costumes. No terceiro capítulo descreve a exuberância da fauna e flora bem como as riquezas minerais e florestais, inclusive as ervas medicinais existentes. No quarto e quinto capítulos descreve as formas de atividade econômica, incluindo pesca e pastoreio de gado e as relações sociais decorrentes da ocupação estrangeira e missionária. No sexto capítulo indica “os meios e métodos de poder melhor e com brevidade povoar e desfrutar o Amazonas”, enumerando, ainda diversos inventos hidráulicos e mecânicos, vários deles projetados pelo próprio Autor.
A obra é a primeira contribuição de vulto sobre a região, que é descrita sobre inúmeros pontos de vista, indicando ações para promover sua ocupação e desenvolver sua economia.

Vídeo sobre a Ilha de Colares

JUSTIÇA FEDERAL DIVULGA COLARES

O Centro de Cultura da Justiça Federal, por seu presidente Desembargador Paulo Barata - que esteve em visita à Colares-PA, recepcionado por membros da AAICO, divulgou importante matéria, escrita pelo Ilustre jurista, onde exal1ta-se a importância da Ilha. Este trabalho foi publicado em revista de circulação nacional, distribuída a todos os juízes federais no Brasil e encontra-se nas Bibliotecas da Justiça Federal no Brasil inteiro.

Faça o download da publicação aqui.

OUTROS GRUPOS INDÍGENAS EM COLARES

Rosa Gomes, diretora da AAICO ao lado do Cacique da etnia Caiapó, MIKI e sua esposa MAINI em visita à Colares, onde realizaram oficinas de artesanato e participaram de atividades culturais em defesa de seu povo.

A respeito do “descimento” de índigenas de outra região para a Ilha de Colares, realizado pelo Pe. Francisco Veloso, há na obra do Pe. JOÃO FELIPE BETTENDORF (1627-1698) o seguinte registro:

“Francisco Velloso percorreu o Amazonas até o rio Negro, regularisando os casos da servidão, a que estava sendo limitado o captiveiro; depois subiu o Tocantins, donde attrahiu grande leva de Tupinambás e a veio localizar na Ilha do Sol, que tomou o nome daquelle gentio.” (ob. cit., pág. XIX)

O Pe. JOSÉ DE MORAIS, que, reitere-se,conviveu com os nativos de Colares nos primórdios da ocupação estrangeira na Ilha, por volta de 1653, informa-nos a respeito do descimento de tribos indígenas - os tupinambás e goiapires – levados à Colares. a existência de uma fábrica de Anil na Ilha; a concessão de mão-de-obra indígena que foi utilizada na construção da Igreja na Vigia; a ocorrência; de uma epidemia de bexigas e relata importantes informações envolvendo os jesuítas, os nativos e os colonizadores:

“Do rio Jari desceram os nossos padres a que hoje se acha no Curuçá ², com não pequeno trabalho e gastos do colégio, obrigando-se os índios a servirem tão-somente aos padres, pagando-lhes o seu serviço, dando-lhes terra e o mais preciso para as suas lavouras, como fizeram e se tem até o presente conservado, com mútua satisfação de uns e outros, pelo bom trato e assistência que recebem, embora assistam com o seu trabalho com prontidão e alegria.
Neste tempo já os nossos padres tinham em Mamaiacu alguns poucos índios com que lavraran alguma roça para sustento dos religiosos, aos quais depois se ajuntaram alguns poucos tupinambás e goiapires, que tinham descido do rio Tocantins o Padre Francisco Veloso, e quiseram voluntariamente servir aos padres, precedendo primeiro licença do governador, que aprovou a resolução; tendo recebido primeiro para o serviço de el-rei passante de mil almas, como que gloriosamente se recolhia aquele insigne operário, fundando na baía do Sol a aldeia que depois se chamou dos tupinambás ³, e hoje se chama do Anil em razão da fábrica que ali se formou sem efeito; ou com o nome de Cabu, que é o mais trivial e conhecido dos moradores. Estes poucos casais, que tinham vindo com aquele grande descimento, e ido, pelo assim o pedirem os índios ao Padre Veloso, para a nossa fazenda de Mamaiacu, foram depois malsinados pelos invejosos para que se nos tirassem, olhando mais para os poucos com que ficamos que para a grande multidão que tinham às suas ordens, devido à atividade e zelo daquele bom padre, sendo uma das maiores aldeias que tinha Sua Majestade, ao princípio do sítio que foi de José Bento, que depois passou a título de venda aos religiosos das Mercês, chamando-se a aldeia do Espírito Santo, onde havia duas igrejas, como me afirmaram homens antigos, e por causa de uma grande mortandade epidêmica do contagioso mal de bexigas se passou para a costa no lugar que dissemos de Cabu, onde fui algum tempo missionário. Porém o Sereníssimo Sr. D. Pedro, de saudosa memória, mandou no ano de 1685, que os padres os conservassem sem controvérsia, e os governadores não bulissem com eles.
Depois de muitos anos, no de 1729, quis o Governador e Capitão-General Alexandre de Sousa tirá-los, como tirou, pondo-os no Guamá; porém, ou o escrúpulo do receio de contravir às ordens reais os fez logo restituir ao mesmo lugar de Mamaiacu, junto da vila da Vigia, onde ao presente se acham socorrendo com seu serviço ao colégio que, posto que pago, sempre o julgo digno do nosso agradecimento a tão bons e cuidadosos índios.
Dou esta notícia, pelas que tenho diante dos olhos destes princípios, para que os vindouros saibam o título que nos servíamos de tão preciosos obreiros, mas porque ao tempo que fui missionário de Cabu o fui também da aldeia de Tabapará, que por falta de terras em que lavrassem os índios, no lugar antigo, a mudei para quase sobre a costa uma légua por terra distante do antigo sítio, onde fiz igreja e casas novas, com consentimento do Governador e Capitão-Generela João de Abreu Castelo Branco, que a deu a requerimento dos mesmos índios, estando no sítio de Matias Caetano, onde se achava convalescendo, não muito distante de Tabapará (que sem preceder esta licença a não quis mudar); o de que me argüiram os moradores da Vigia, que eu mudara a dita aldeia sem licença do governador, contra as ordens de Sua Majestade, como é verdadeiro que a dita aldéia é do serviço privativo dos pobres, e mais que todos necessitados dos moradores da Vigia, que mudara a dita aldeia sem licença do governador, contra as ordens de Sua Majestade, como é verdadeiro que a dita aldeira é do serviço privativo dos pobres, e mais que todos necessitados moradores da mesma vila, pela descerem à custa da sua fazenda do interior do sertão, para se servirem deles por repartição nas suas necessidades, como fizeram sempre, até que o Governador e Capitão-General Mendonça absoluta e potencialmente os mandiu ajuntar com os índios de Cabu, aldeia do serviço real; destinada para a arrecadação dos dízimos; o que não poderá deixar de redundar em grave prejuízo dos miseráveirs moradores.
E se disserem que quando fui missionário lhes não dava os índios que me pediam, não era por falta de vontade, mas pela penúria dos ditos índios, e ter já dado os poucos que havia para as obras da igreja da milagrosa imagem da Virgem Senhora de Nazaré, por concordata que com seus fregueses fez o reverendo e zeloso vigário, de cederem deles os moradores enquanto durasse a obra, devoção destes fervorosos vigilenses, cujo direito ao serviço dos índios de Tabapará quis perpetuar nesta história, que em todo o tempo poderá recorrer à real piedade de seu rei em orden à antiga utilidade da sua repartição.
Perdoem-me os leitores, por breve, a digressão a que não pude faltar neste lugar, levado da propensão de aclara a verdade àqueles tão necessitados como pobre moradores.” (ob. cit. págs. 226-227)

² Outrora Vila Nova del-Rei
³ Colares.

AS MISSÕES JESUÍTAS EM COLARES

Altar da Igreja localizada em Juçarateua, na Ilha de Colares-PA.

As informações sobre os primeiros tempos da colonização de Colares, constam em “História da Companhia de Jesus no Brasil” de autoria do Pe. SERAFIM LEITE que transcreve informes de outros religiosos como MATEUS DELGADO e MANOEL DE SOUZA que realizaram trabalho missionário junto aos índios das aldeias situadas nos arredores do Pará, no ano de 1653. Trancreve ainda, informações do Pe. JOSÉ DE MORAIS com vasta informação historiográfica sobre aquele período.

A chegada dos missionários jesuítas ao Pará se deu em 05 de outubro de 1653. Tendo o Pe. Antonio Vieira permanecido na casa dos jesuítas com o Pe. Souto-Maior, determinou ao Irmão Simão Luís que tomasse conta das oficinas da casa e nomeou os demais missionários: para as aldeias de baixo nomeou os Padres Francisco Veloso e Manuel de Sousa; para as aldeias de cima ou do Cametá, os Padres Antônio Ribeiro e Gaspar Fragoso; por fim nomeou o Pe. Mateus Delgado missionário da aldeia de Mortiguara (*) e vizinhas àquela. Mamaiacu, passou a ser denominada, Lugar de Nossa Senhora de Porto Salvo, a partir de 1757.
* Mortiguara: Vila do Conde.

A PRIMEIRA VILA PORTUGUESA NO PARÁ - VIGIA DE NAZARÉ

Capela do Senhor dos Passos - Igreja de Pedras - Datada do século XVIII, o templo construido pelos Jesuítas é conhecido, atualmente, como Igreja do Bom Jesus, por guardar à época imagem, deixada pelos frades Carmelitas, que também se instalaram na Vigia, em 1734.


O desenvolvimento e consolidação do hoje denominado município de Vigia de Nazaré foi determinante para os rumos da Ilha de Colares. Daí a importância de retratar suas origens.
Os índios Tupinambás habitavam uma aldeia chamada Uruitá (cesto de pedra), onde hoje localiza-se a sede do município da Vigia, referindo-se a denominação indígena, provavelmente às formações rochosas que circundavam a orla da localidade.
Dom Jorge Gomes dos Álamos, fidalgo português foi o primeiro colonizador daquela povoação. Porém, a fundação da vila de São Jorge dos Álamos deve-se ao bandeirante português Estácio Rodrigues, bisavô de Felipe Patroni, segundo o historiador Ernesto Cruz.
Sobre o município da Vigia, o historiador, pesquisador e membro da Academia Paraense de Letras, Professor JOSÉ ILDONE, oferece informações valiosas, que são registradas em sua obra “Noções de História da Vigia” (Belém-PA, Cejup, 1ª . ed., 1991). Em sua obra, consta que:

“O trabalho de Jorge dos Álamos, porém, tinha transformado a simples aldeia num espaço preenchido pelas casas, pequeno templo, arruamento, plantações e estaleiro para construção e recuperação de embarcações”. (ob. cit. pág. 12)
O rei Dom João IV doou as terras à Dom Jorge, porém as mesmas retornaram ao domínio da Corôa após seu embarque para Portugal em 1653.

A PRIMEIRA VILA PORTUGUESA NO PARÁ - VIGIA DE NAZARÉ

O desenvolvimento e consolidação do hoje denominado município de Vigia de Nazaré foi determinante para os rumos da Ilha de Colares. Daí a importância de retratar suas origens.
Os índios Tupinambás habitavam uma aldeia chamada Uruitá (cesto de pedra), onde hoje localiza-se a sede do município da Vigia, referindo-se a denominação indígena, provavelmente às formações rochosas que circundavam a orla da localidade.
Dom Jorge Gomes dos Álamos, fidalgo português foi o primeiro colonizador daquela povoação. Porém, a fundação da vila de São Jorge dos Álamos deve-se ao bandeirante português Estácio Rodrigues, bisavô de Felipe Patroni, segundo o historiador Ernesto Cruz.
Sobre o município da Vigia, o historiador, pesquisador e membro da Academia Paraense de Letras, Professor JOSÉ ILDONE, oferece informações valiosas, que são registradas em sua obra “Noções de História da Vigia” (Belém-PA, Cejup, 1ª . ed., 1991). Em sua obra, consta que:

“O trabalho de Jorge dos Álamos, porém, tinha transformado a simples aldeia num espaço preenchido pelas casas, pequeno templo, arruamento, plantações e estaleiro para construção e recuperação de embarcações”. (ob. cit. pág. 12)
O rei Dom João IV doou as terras à Dom Jorge, porém as mesmas retornaram ao domínio da Corôa após seu embarque para Portugal em 1653.
O Pe. JOSÉ DE MORAIS assim registrou:

“Buscando a cidade do Pará, se segue a vila da Vigia.
Dera o Sereníssimo Senhor D. João IV faculdade a Jorge Gomes Alemo, homem de negócios e de grandes cabedais, para fundar uma vila na Capitania do Pará.
Depois de lhe dar princípio com o nome de Vigia, quebrou no negócio, e não podendo contribuir com os muitos gastos, para acabar o começado, a deixou tão pouco avultada, que reduzindo-a a melhor forma o Governador e Capitão-General Gomes Freire de Andrade, fez com que ficasse pertencendo ao real domínio.
Tem bons ares, e é muito farta de peixe e mariscos, ainda que a sua situação por estar em terra rasa, é notavelmente alagada.
Tem senado, capitão e sargento-mor da ordenança.
Conservam nela os reverendos religiosos do Carmo um hospício, e outro os reverendos religiosos das Mercês.
Tem de mais os padres da Companhia uma grandiosa igreja, com princípio para fundar um colégio por concessão real do Fidelíssimo Senhor D. João V, de eterna memória.
A sua matriz arruinada se erigiu dos fundamentos por ordem do excelentíssimo e zelosíssimo prelado o Senhor D. Frei Miguel de Bulhões, que com particular atividade tem promovido a sua fatura, e se acha ao presente muito adiantada esta obra, formando um bonito e asseado templo de pedra e cal, dedicado a Maria Santíssima debaixo do suavíssimo título de Nossa Senhora de Nazaré. É imagem de suma veneração para aqueles, e todos os mais moradores da cidade do Pará, com um tal respeito e devoção, que são contínuas as romarias, obrigados da singular virtude de seus admiráveis prodígios.” (ob. cit. pág. 140)

Em 21 de março de 1719, foi sagrada a Igreja Madre de Deus, ao mesmo tempo em que, na Capital, era sagrada a Igreja de Santo Alexandre.
A Vigia, teve os foros de vila, em 1693, sendo o patrimônio territorial concedido por Carta de data de Sesmaria de 25 de agosto de 1734.
Com o ato Régio de 11 de maio de 1731, o jesuíta José Lopes, provincial da Ordem foi autorizado a construir uma casa, chamada “Casa Mãe de Deus”, que ensinava a lêr e também ofícios diversos, construida em 1732 foi erigida juntamente com um templo. Este patrimônio, com seus quadros e pinturas de cunho religiosos foram preservados.
A tradição religiosa de culto a Nossa Senhora de Nazaré no Estado do Pará iniciou em Vigia de Nazaré.

RAYMUNDO HERALDO MAUÉS, professor e antropólogo, registra em “Padres, Pajés, Santos e festas - Catolicismo Popular e Controle Eclesiástico - Um estudo antropológico numa área do interior da Amazônia”:

“Possíveis analogias e identificações podem ser postas de lado, mas o certo é que as referências às origens de Vigia, são de modo geral, bastante imprecisas, confundindo-se o “mito” e a “verdade” histórica, o que aliás acontece com vários outros episódios, de modo especial no que se refere à história religiosa do município e da região do Salgado. O próprio posto de vigilância que teria dado origem ao nome da cidade, segundo Raiol, não pôde ser confirmado por nenhuma outra fonte. Todavia Baena (1969, 119)*, cronista do período colonial, escrevendo na primeira metade do século XIX, refere-se a um posto de arrecadação da alfândega, servindo como “soldados de guardas”, na “aldeia dos tupinambás da ilha do Sol” (Colares), para vigiar o extravio de mercadorias dos navios que se dirigissem ao porto de Belém, estabelecido em 1688". (ob. cit. pág. 115, Editora Cejup)

O renomado autor ANTONIO LADISLAU MONTEIRO BAENA (1782-1850) em seu consagrado «Compêndio das Eras da Província do Pará» informa sobre fato ocorrido durante o governo de Gomes Freire de Andrade (1685/1687):

“Estabelece o Governador na Aldea dos Topinambazes da ilha do Sol afastada da Cidade nove legoas um Registro a bem da arrecadaçaõ dos rendimentos da Alfandega servindo os Soldados de Guardas que a bordo dos navios em quantro elles naõ fundeaõ no porto da Cidade vigiem sobre os extravios das mercadorias, que se possaõ intentar em contravençaõ das Leis.” (ob.cit. pág.119. Coleção Amazônica, UFPA, 1969).

OS CLUBES

Conferência Municipal de Cultura realizada no interior da sede do Luzir Esporte Clube, localizada na sede da Ilha de Colares-PA

Há no município o Clube S. Pedro e o Luzir Esporte Clube com tradição de várias décadas, e através dos quais são realizadas as competições esportivas, sendo suas sedes palco das maiores festas e eventos, principalmente dançantes, no Município. Na localidade de Juçarateua há, desde 1908 o Santa Cruz. E. Clube.

PRÉDIOS HISTÓRICOS

Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário na sede do município.

A Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, na sede do município, foi construída na época da Cabanagem, tendo sofrido alterações em sua estrutura com o passar dos anos, após uma rachadura, perdendo sua conservação histórica. Nos anos de 1987 e 1988 com as reformas efetuadas descaracterizou-se o prédio original. Retirou-se algumas peças trabalhadas que decoravam o altar, demoliu-se o coreto em frente à igreja e construiu-se uma segunda torre à direita da entrada principal.
Em frente à Igreja Matriz foram instalados alguns canhões apontando para o mar. A motivação para sua colocação são controvertidas havendo informação que os mesmos foram instalados pelos portugueses afim de assegurar seu domínio contra os holandeses e ingleses protestantes cuja navegação pelos rios da Amazônia era proibida pelos portugueses. A abertura do Rio Amazonas à navegação mundial somente aconteceria em 07 de dezembro de 1866. Os portugueses instalaram entre Belém e Vigia, 20 canhões, com as respectivas guarnições, sendo que quatro deles em Colares. Há ainda outra versão que atribui a colocação dos canhões ao combate à Cabanagem, segundo informação de moradores antigos, sem no entanto, estar documentada. No presente, resta somente uma daquelas peças de artilharia, tendo sido extraviadas as demais.

O Coreto da Praça Matriz, abrigava, no passado, a banda de música que homenageava a Padroeira da Cidade no dia de festa. Foi demolido na reforma da Praça Matriz, sendo comum o lamento dos moradores por tal fato.
O prédio da Biblioteca Pública Municipal, localizada na Av. Beira Mar ao lado da Barraca da Santa, bem como o Prédio da Banda de Música do Município são marcos do período inicial na formação dos atuais contornos sócio-culturais do município.
A Igreja de São Sebastião em Juçarateua é valioso monumento histórico que retrata período inicial da formação do município.
O prédio da ex-sede da Colônia de Pescadores, que localizava-se ao lado da Igreja Matriz, era um dos prédios mais antigos do Município. Construída em taipa, infelizmente não resistiu ao passar dos tempos e a ausência de preservação.

O prédio localizado na Rua Santana Marques, esquina com a Travessa 15 de Novembro, pertencente ao Sr. Antonio Freitas Mendonça, construído em 1925, apresenta traços do estilo colonial com suas três portas frontais e duas laterais, além de cinco janelas retangulares. Funcionou como escola, residência e estabelecimento comercial. Pertenceu primeiramente ao Sr. Francisco dos Santos Ferreira, já falecido. Atualmente abriga a sede da Escola de Música.

A FLORA

Samaumeira milenar existente na orla da sede do município - Foto Wagner Santana

A flora presente em Colares é constituída pelas matas, árvores, inúmeras frutas, verduras, flores, folhagens e plantas.
Com os desmatamentos, há diminuição da produção de oxigênio afetando diretamente a vida humana que necessita de conservação e melhoria na qualidade do ar além de extinguir-se a maior fonte de alimentos para o reino animal.
O patrimônio natural do município tem sofrido ao longo dos anos os efeitos da ignorância e ganância de exploração desenfreada e desordenada de seus componentes. Tem-se registro, que o processo de desmatamento na Ilha foi intensificado pela atividade madeireira. Ressalte-se que a utilização das áreas de florestas foram, após o desmatamento, utilizadas para plantio de pasto destinado ao gado. A proximidade com a Ilha do Marajó e a facilidade fluvial de locomoção favorecem os propósitos dos fazendeiros que utilizam as áreas derrubadas para engorda do gado.
A alteração da cobertura vegetal, por observação feita em 1986 através de imagens do satélite LANDSAT-TM, atingiu 99,66% de onde depreende-se a urgência em preservar o ecossistema em espécial os manguezais.

Nos anos anteriores à colonização a região de Colares era recoberta por vegetação do tipo floresta tropical úmida, com suas árvores com porte enorme e frondoso. A derrubada e queima da mata com a finalidade de criar roçados tornou raras as espécies presentes naquelas matas esplêndidas então existentes. As capoeiras proliferaram e a terra ardia mediante a agressão do fogo.

A FAUNA

Trabalhador do Mercado Municipal exibe espécimes de Pescada Amarela, farta nas águas em torno da Ilha de Colares-PA.

Diversas espécies compõem a fauna em Colares. Há inúmeros outros tipos de aves, como o jaçanã, peixes, insetos, roedores, onças, minhocas, jacarés, pacas, beija-flor, borboletas e uma vasta quantidade de outros seres. Algumas espécies diminuíram em quantidade como os peixes, e outras beiram a instinção como as pacas (cuniculus paca: mamífero roedor da família dos dasiproctidios, a mesma da cotia).

Recentemente, em fevereiro de 2000, imensa baleia encalhou na orla de Colares, causando curiosidade à população que presenciou, no final do ano de 2001, na orla, a desova de tartaruga marinha, cujos ovos foram recolhidos pelos técnicos do Museu Paraense Emílio Goeldi, com fins de preservação.

Inobstante este fato, o elemento humano, representa a maior ameaça à fauna.

O desmatamento, a pesca predatória e a caça proibida, ao alterar o ecossistema, traz graves prejuízos à sobrevivência das espécies. O fogo ateado nas matas e pastos, destrói ninhos, fontes de alimentação, ovos, filhos e abrigos. Ação danosa é causada ainda pela poluição que afeta o ar, o solo e a flora. A ação destruidora da natureza leva ao fim da capacidade produtora da terra, das condições que mantém a umidade e o armazenamento da água com os animais e as florestas. Neste sentido é uma séria ameaça à sobrevivência da espécie humana.

Entre as espécies mais comuns da fauna, existentes na Ilha de Colares encontra-se a Arraia, peixe com formato oval e que possui um ferrão na calda que produz dôres violentíssimas na pessoa que é ferrada. A atenção com os horários impróprios para o banho – quando a maré está vazando ou no início da enchente, diminui enormemente o risco de acidente com as arraias, que tem sido objeto de estudo e pesquisa por parte do Museu Paraense Emílio Goeldi, instituição de pesquisa de renome internacional.

MIGUEL GONDIM: PERSONAGEM ILUSTRE

Monumento estabelecido na praça central da sede do município em homenagem ao ilustre cidadão MIGUEL GONDIM que de forma corajosa e determinada enfrentou as dificuldades de isolamento da Ilha contribuindo para que os Poderes estabelecidos tivessem um pouco mais de atenção para este pedacinho do Brasil. Obrigado Miguel Gondim.

RELAÇÕES INSTITUCIONAIS DA AAICO

Diretores da AAICO, participam de evento promovido pela Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará- Adepará com o objetivo de erradicar a febre aftosa nos rebanhos paraenses.

MANIFESTAÇÕES RELIGIOSAS

Imagem de Nossa Senhora do Rosário, padroeira da Ilha de Colares, ornamentada para o Círio, importante festejo religioso municipal.

Importante coleta de dados a respeito do município e de seu patrimônio artístitco-cultural-religioso nos são oferecidas por VALENTINO DOLZANE DO COUTO, que em seu trabalho de Conclusão de Curso de Especialização em Técnico Cultural, realizado em 1991, intitulado “Perfil Sócio-Econômico-Cultural de um Município do Salgado: Colares”, realizou pesquisa de campo, entrevistando diretamente moradores e visitando localidades, assegurando a coleta de um grande número de informações antes desencontradas e dispersas, que constam ainda de material de informação encontrado na COMPANHIA PARENSE DE TURISMO – PARATUR, como as que seguem:

“Durante o ano, quatro festas religiosas acontecem no Município de Colares:
O Círio de N. Sra. do Rosário é realizado no segundo domingo de dezembro, na sede do município sendo considerada a maior manifestação religiosa da Ilha de Colares..Há novenas e rezas durante as festividades, ocorrendo também, festas, leilões, arraiais e queimas de fogos.
Também são realizadas outras festividades religiosas na sede do município homenageando São Sebastião (13 a 20 de janeiro), Santa Maria (maio), São João e São Pedro (de 22 a 29 de junho).
Outras localidades também possuem seus festejos religiosos: Ariri, Juçarateua, Candeuba – São Sebastião – janeiro; Candeuba, Areia Branca, Itabocal – Santa Maria – maio; Juçarateua, São Pedro, Ariri – junho; Santo Antônio de Colares – Santo Antônio – junho; Maracajó – Divino Esp. Santo – julho; Guajará – N. Sra. do Carmo – julho; Piquiatuba, Santo Antônio de Colares – N. Sra. de Nazaré – agosto; Laura – São Miguel – setembro; Juçarateua – N. Sra. do Perpétuo Socorro – outubro; Maracajó – N. Sra. das Graças – novembro; Mocajatuba – São Tomé – dezembro; Jenipauba de Colares e Jenipauba da Laura – N. Sra. da Conceição – dezembro; Itajurá – São Benedito – dezembro; Fazenda – Santa Luzia – dezembro.
A maioria dessas festas são acompanhadas de esmolação, levantamento e derrubada de mastro, brincadeiras de época (quebra pote, pau-de-sebo, mata-pato, etc.) é comum nessas festas a venda de mingau e tacacá”.

QUILOMBOLAS E O MINISTRO

Ministro Edson Santos ao lado do líder da comunidade Quilombola do Cacau, "Seu Vê" e do diretor da AAICO, Sérgio Victor.

A visita do Ministro da Igualdade Racial, dson Santos, à Comunidade Quilombola do Cacau, na Ilha de Colares, demonstra o compromisso das entidades sociais e do Governo Lula em assegurar o cumprimento da Constituição Federal no que diz respeito aos Direitos das Comunidades Quilombolas.
No quilombo do Cacau, o impasse da titulação da área gira em torno da empresa Empasa, que explora palmito na região. Desde 1999 o proprietário da empresa soube do reconhecimento da área como remanescente de quilombo ergueu cercas e contratou capataz. A titulação das terras, juntamente com a energia elétrica, são os grandes desafios na caminhada de garantia dos direitos das comunidades. O descendente,neto de escravos africanos, Avelino da Conceição Almeida, declara que: "não largo o lugar por nada. Aqui nasci e cresci, criei meus 17 filhos". "Seu Vê" é o maior lutador em defesa dos recursos naturais do Cacau. É ele que informa a derrubada de pelo menos 450 árvores, entre elas samaúma, marupá atamã efetuados pela Empasa.

Um dos impasses existentes é a lentidão na titulação das terras quilombolasm. Dados do Instituto de Estudos Socioeconômicos (INESC), oconstatam que o projeto Brasil Quilombola do governo federal até 13 de junho, havia aplicado apenas 6,39% do orçamento de 2007 para ações em favor dos moradores de comunidades remanescentes de quilombo do total de 202 milhões.


AS RUÍNAS

Ruínas do Engenho do Barão do Guajára, construída pelos escravos no Quilombo do Cacau em Colares-PA. À pedido da AAICO foram tombadas pelo IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Há ruínas localizadas em diversas localidades no interior da Ilha de Colares. Algumas, apontam para a existência há muitos anos, de olarias. Encontram-se na localidade de Jocoró, próximo ao Pacatuba; outra em Itajurá, outra em Tauapará, além daquelas encontradas no Cacau. Lá verifica-se a existência de centenas de tijolos bem arrumados e enterrados. Certamente existem outros locais com a mesma característica não sendo ainda certo a que época foram fabricados e ali localizados. A Arqueologia certamente possui vasto campo de pesquisa na Ilha de Colares.

ARTEFATOS E UTENSÍLIOS

Tacho encontrado na comunidade quilombola do Cacau e que era utilizado no engenho pertencente ao Barão do Guajará. Encontra-se hoje, em exposição em Museu Histórico no município da Vigia-PA.

Em decorrência da presença indigena, estrangeira e dos cabanos no município já foram encontrados, em geral por acaso, artefatos, peças e louças de metal e barro, além de moedas de prata e cachimbos, que foram encontradas. Infelizmente, em sua quase totalidade, foram comercializadas com colecionadores e curiosos não estando disponíveis para o enriquecimento cultural dos moradores e visitantes.
O Museu Paraense Emilio Goeldi não dispõe de peças e artefatos cuja origem tenha sido catalogada e definida como provenientes de Colares.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

RELAÇÕES INSTITUCIONAIS DA AAICO

Representantes da Comunidade Quilombola de Terra Amarela, localidade da Ilha de Colares, ao lado do Deputado Federal PAULO ROCHA, durante a III Conferência Estadual de Meio Ambiente em Belém-PA

RELAÇÕES INSTITUCIONAIS DA AAICO

O diretor da AAICO, José Maria Pantoja (búfalo) e a quilombola Dona Paula, ao lado do então Secretário de Estado de Meio Ambiente, Walmir Ortega, durante a III Conferência Estadual de Meio Ambiente

COMUNIDADE DE TAUAPARÁ NA ILHA DE COLARES

COMUNIDADE DE TAUAPARÁ NA ILHA DE COLARES

Rosa Gomes, Diretora da AAICO, em companhia de Tia Bena, octogenária descendente de escravos que habita na localidade de Tauapará na Ilha de Colares

ESCOLAS DE MÚSICA

Frontal da sede da Escola de Música. Em Colares é grande o número de talentosos jovens músicos.

FOTOS HISTÓRICAS II

A orla de Colares atualmente em foto de Wagner Santana


A orla em torno da sede do município na década de 70

FOTOS HISTÓRICAS

A orla em torno da sede do municípío na década de 70.

CABANAGEM


JOSÉ VARELLA: A CABANAGEM HOJE
A classe operária promove a democracia pelas bases, nos quatro cantos do mundo, por uma necessidade vital de desenvolvimento humano. Por isto o progresso social é um movimento revolucionário profundo, contínuo e lento como as forças da natureza donde a humanidade provém. Às vezes, sob águas calmas e pastos verdejantes, dão-se explosões telúricas a cabo de muito tempo de compressão das camadas geológicas. De maneira semelhante, motins políticos e revoltas populares são reações orgânicas à injustiça e violência do poder cego instalado, aí o rompimento da represa socioambiental é fruto da dinâmica das populações ao longo do tempo.

Os primórdios da revolução popular amazônica, chamada a Cabanagem; ocorreram precocemente. No dia 7 de janeiro de 1619, o cacique Guaimiaba (Cabelo de Velha) levantou os tupinambás do Pará contra a pérfida "União" Ibérica exercida na região norte pelos portugueses de Pernambuco. Havia três anos apenas que o grande povo tupi concordara em receber pacificamente em seus domínios portugueses apresentados pelos franceses despejados do Maranhão.

O gaulês Charles des Vaux, camarada dos tupinambás, viera como piloto de Castelo Branco a mando de La Ravardière após a capitulação deste e acordo de trégua com Alexandre de Moura. Com aparente entendimento entre franceses e portugueses, os índios da aldeia de Tenoné deram notícias da terra e ajudaram o fundador de Feliz Lusitânia (Grão Pará) a escolher sítio adequado a levantar o forte do Presépio. Este lugar foi a ponta alta na boca do igarapé do Piry, que hoje é a doca do Ver o Peso. Simples paliçada de taipa a modo indígena, o "forte" construído em parceria de tupis e europeus, servindo de berço à cidade de Santa Maria de Belém do Grão Pará: parto amazônico, ocorrido a 12 de janeiro de 1616, há 393 anos.

É certo que a "França Equinocial" (Maranhão), parida do compadrio de corsários e tupis, havia o problema congênito da matança de protestantes pelos católicos na fatídica noite de São Bartolomeu quando o Diabo correu solto pelas ruas de Paris. O calvinista Daniel de La Touche, senhor de La Ravardière; teve que se curvar à católica Maria de Médicis para instalar a colônia. O preço foi a despreparada missão dos frades capuchinhos. Estes ignorantes da religião dos tupinambás pretenderam converter o bom selvagem ao catolicismo, chegaram a levar alguns destes valentes antropófagos a França para ser batizados pelo rei.

Os pajés tupis, naturalmente, eram apóstolos da mítica "Terra sem Mal" cuja demanda de infinitos males levava a guerra aos tapuias achados no caminho para o Araquiçaua (lugar onde Guaracy, o sol, mãe dos viventes; ata rede para dormir). Com assombro, os padres constaram o prodígio dos oráculos indígenas e o poder que tinham sobre a massa rude: por certo, caraíbas ou pajés açus eram concorrentes dos catequistas.

Qual, entretanto, o fundamento do temor dos índios em relação a seus profetas? Não muito diferentes das mais religiões do velho mundo. Os profetas do novo mundo tinham contatos com o sobrenatural, no Maranhão, diz o frade Claude Abbeville; um espírito chamado Jurupari ("boca tapada", expressão do segredo mortal que ele impunha a seus iniciados) era ninguém menos que o Diabo europeu. Começou assim o combate entre Deus e o Diabo na terra dos tapuias, para grande desgosto dos tupinambás. Sorte dos portugueses que entre eles o astuto cristão novo Martim Soares Moreno fosse cunhado dos tupinambás do Ceará.

Mas, se os franceses diabolizaram Jurupari fracassaram a camaradagem de Charles des Vaux com os tupinambás; não demorou que o cristão novo Simão Estácio da Silveira viesse com seus pobres de Portugal perturbar o casamento do patrício Soares Moreno com a índia Paraguassu. Querendo logo subir o rio com olhos na prata do Peru, Simão da Silveira escreveu um panfleto aos pobre de Portugal dizendo-lhes que o Maranhão era um paraíso.

Os pobres enganados do inferno verde cedo viram-se no mato sem cachorro. No desespero da irremediável pobreza voltaram-se para as terras dos índios e a escravidão dos mesmos como tábua de salvação. É claro que os tupinambás, a exemplo de nativos da antiga Canaã, não estavam de acordo que o Maranhão fosse Terra da Promissão dos pobres forasteiros. O resultado foi a matança de uma centenada de pobres enganados de Simão Estácio da Silveira, progenitor dos aliciadores de mão de obra escrava da devastação da Amazônia em nossos dias.

A reação dos índios foi, então, semente da Cabanagem geral. Quando Guaimiaba cometeu o assalto suicida ao Presépio, atual forte do Castelo; para vingar a escravidão da sua gente por falsos amigos e aliados. Ele morreu em luta e ressuscitou nas crenças amazônicas e na cultura popular, onde o tremendão tupinambá é uma metáfora de altos decibéis eletrônicos nas noitadas da periferia de Belém.

Desde então, o conflito entre colonizadores e colonizados na Amazônia foi crescendo, com fluxos e refluxos, até o segundo grande estouro, ápice nervoso do choque colonial, a 7 de janeiro de 1835. Quando descendentes dos "Ajuricabas" e "Nheengaíbas" ajudados por filhos da Guiné e de Angola não suportaram mais humilhações de séculos de escravidão. Como se, subitamente, os cabanos tivessem entrando em furioso transe, rompendo violentamente as amarras para vingar a perseguição e morte do líder cônego Batista Campos.

Agora a terceira onda da Cabanagem transcorre em patamar histórico superior da luta para inclusão social e plena Cidadania. A via pacífica da democracia participativa é, portanto, caminho de libertação das populações das palafitas. Combatentes amazônidas que Basílio de Magalhães comparou aos rebeldes das cabanas de Alagoas, donde veio o nome de "cabanada" ou "cabanagem" no Pará. A Carta Magna de 1988, depois de outro período de retrocesso, estabeleceu roteiro para emancipação do povão, que hoje precisa acelerar a marcha como nunca antes neste pais. Para o bem de gregos e troianos.

José Varella, Belém-PA (1937), autor dos ensaios "Novíssima Viagem Filosófica", "Amazônia Latina e a terra sem mal" e "Breve história da gente marajoara".
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quarta-feira, 26 de maio de 2010

MANIFESTAÇÕES CULTURAIS

Apresentação de dançantes do carimbó durante a Feira de Cultura do Município

A dança típica Carimbó é bastante executada em todo o município. Originalmente indígena assimilou ritmo característicos dos escravos negros vindos da África. A expressão carimbó deriva de”curimbó” (curi= pau ôco e m’bó= furado: pau que produz som).
Na comunidade de Taupará, nome derivado do tupi “Tauá-Pará”, que significa Rio Amarelo que circunda boa parte da Ilha, há desde os tempos do Barão do Guajará a execução do carimbó, havendo quem diga ser laro “Berço do Zimba”, ritmo que posteriormente seria expandido para outras localidades.
A Folia de Reis, é uma manifestação cultural, composta de diversos grupos que, entre o dia 05 e 06 de janeiro saem às ruas, entoando canções cuja origem remontam a passado remoto, acompanhados por clarinetes, pandeiros e outros instrumentos musicais. Os participantes da Folia - geralmente três em cada grupo vão às residências e recebem ofertas entre eles rateadas.
Há Bois-bumbá, grupos de pássaros, preguiça, beija-flor e quadrilhas juninas que também fazem suas apresentações especialmente no mês de junho. Encontra-se ainda o xote, siriá e lundum.
A manifestação cultural do Carneiro, existente há mais de sete décadas é apresentada - quase que exclusivemante por crianças - nos festejos juninos referindo-se, desenvolvendo-se a dramatização tendo como pano de fundo uma fazenda.
Diversos artistas expressam de diferentes formas a cultura e a arte da Ilha de Colares, valendo-se da pintura, poesia, canto, desenho e artesanato.
A Banda de Música “Prof. Luís Gama”, fundada em 06 de fevereiro de 1949, apresenta-se nos eventos oficiais e religiosos da Ilha, executando, hinos, marchas e outras formas de expressão musical.
Equipamentos e instrumentos de pesca, expressam a produção artesanal local. São utilizados também, para produção de artesanato, material oriundo do interior da própria ilha, como barro e argila

AS LENDAS

Representação da lendária figura do boto ao lado de pinturas indígenas

As lendas fazem parte do patrimônio cultural da Ilha. Através delas o elo entre o real e imaginário se desenvolve emlimites quase que imperceptíveis.

Há registro de personagens que povoaram o imaginário de diversas gerações por seus atos de força, coragem e destemor que provocam o mêdo e apreensão de quantos deles tomassem conhecimento.


Muito difundida, a lenda da Coroa da Espanha, segundo a qual uma das embarcações em que navegava a nobreza espanhola, nas primeiras décadas de 1800, teria se extraviado quando seguia rumo às Antilhas e ao México, atingindo a Baía do Guajará. Desembarcados em Colares, nobres e soldados teriam enterrado seus tesouros, inclusive uma corôa real espanhola na Ponta do Humaitá, em Colares. Ainda hoje o local é visto como “encantado” .

A lenda da Maria Vivó, afirma que uma mulher foi engravidada por uma cobra e ao procurar a ajuda de um pajé, este retirou o filhote de cobra de seu ventre e o cegou de um olho, lançando-o nas águas do rio Tupinambá, tendo chamado-o de “Maria Vivó”. O filhote se desenvolveu, deslocando-se posteriormente para as pedras do farol da Marinha, localizado em frente à cidade, fazendo desse lugar sua morada permanente. Ela teria sido ferida ficando cega do olho esquerdo.

Muitos dos naufrágios acontecidos com as embarcações eram atribuidos à Maria Vivó, que não tinha o hábito de devorar os corpos dos náufragos, pois estes eram sempre encontrados nas proximidades da ilha do Marajó. Ela é temida pelos pescadores que quando a vêem, evitam aproximar-se e esperam que ela retorne às pedras do farol, embora muitos a considerem inofensiva.

Há ainda diversas outras lendas como a lenda do personagem notuno denominado “DÁ” possuidor de incrível força e que botava para correr muitos nativos fortes e saudáveis aparecendo no centro da sede do município. As lendas e mitos enriquecem o patrimônio cultural da Ilha, sempre envolvendo, fatos e pessoas em situações espantosas e extraordinárias.

A lenda do “Pau do descanço” compõe a tradição cultural da Ilha. Segundo ela, há tempos remotos os nativos utilizavam de caminho situado, próximo ao rio Patauá, (hoje situado às cercanias do Bairro do Maranhense) quando realizavam algum sepultamento. O cortejo fúnebre, trazendo o morto enrolado em uma rede, parava sobre uma árvore e ali descansavam. Com o passar dos tempos, avolumaram-se as declarações de muitos habitantes que constataram a aparição à meia-noite do referido cortejo fúnebre que naquele local interrompia sua marcha para descansar.

O FUTEBOL

Prática do futebol, comum na sede do município e em suas diversas localidades

Há no município o Clube S. Pedro e o Luzir Esporte Clube com tradição de várias décadas, e através dos quais são realizadas as competições esportivas, sendo suas sedes palco das maiores festas e eventos, principalmente dançantes, no Município. Na localidade de Juçarateua há, desde 1908 o Santa Cruz. E. Clube.

A CULINÁRIA

A farinha de mandioca é sempre presente à mesa do colarense

A culinária é fortemente marcada pelos costumes indígenas. A existência do pescado, que constitue o principal prato do Colarense dá origem a múltiplas receitas e modos de preparo. Destaca-se especialmente o “Avuado”, que consiste no assamento do pescado diretamente na brasa, geralmente, utilizando-se, quando disponível, apenas o sal e limão. Os ingredientes e o acompanhamento da farinha (sêca ou d’água) e pimenta dão um toque especial ao manjar.

O açai é o suco mais apreciado pelos nativos sendo rico em ferro e existindo abundantemente na Ilha apesar da destruição feitas por alguns poucos inescrupulosos comerciantes, que não obstante praticarem crime ambiental, derrubam o açaizeiro, árvore que gera o açai, quando ainda muito novo, visando o palmito que é vendido para empresas exportadoras na Capital.

Há que registrar-se também guloseimas como o beijú, que consiste num bôlo feito da massa da mandioca fresca, após a devida compressão no tipiti. É espalhada, em pequenas camadas, sôbre o fôrno quente (ou sobre frigideira) e, comprimida até atingir uma espessura de 3 cm. Depois de cozida a parte de baixo, é virada para cima, até que a outra parte coza bem. O beijú é o pão dos nativos, alimento indispensável em todas as casas do interior amazônico. Em Colares há também o “beiju-chica”, espécie de bôlo, feito com a goma de mandioca depois de sêca e peneirada.

ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL

Logomarca da atual administração municipal

Foram estes os administradores do município desde a primeira eleição municipal:

Prefeito: Sr. Alfredo Ribeiro Bastos Filho
Vereadores: Antônio Felipe de Vasconcelos, Francisco de Paula Trindade Monteiro, José de Assunção Menezes, José Soares da Gama, Jorge de Carvalho Gurjão, Raul Monteiro Ferreira, Raul Monteiro.

Na eleição de 15/11/1966 –
Prefeito: José Soares da Gama;
Vice-Prefeito: Roberto Ribeiro Bastos Filho.
Vereadores: Constantino Ribeiro Bastos, José de Assunção Menezes, Martinho Gama de Azevedo, Manoel do Espírito Santo Vasconcelos, Raul Monteiro Ferreira, Raul Monteiro, Waldemir Alves da Conceição.

Na eleição de 15/11/1970 (mandato de 2 anos) – Prefeito: Alfredo Ribeiro Bastos Filho;
Vereadores: Benjamim Amaral de Oliveira, Jorge Carvalho de Gurjão, José Corrêa Gurjão, Raul Ferreira Monteiro, Raimundo Ferreira Monteiro, Sebastião Carlos de Melo, Waldemir Alves da Conceição.

Na eleição de 15/11/1972 –Prefeito: Vagner Alexandrino Malcher;
Vice-Prefeito: Benjamim Amaral de Oliveira;
Vereadores: Alcides Costa de Azevedo, Jorge de Carvalho Gurjão, João Nascimento Pantoja, Lindalva de Jesus Pereira dos Santos, Waldemir Alves da Conceição, Manoel dos Santos Silva, José Bonifácio Cordeiro Monteiro.

Na eleição de 15/11/1976 – (mandato de 6 anos) Prefeito: Alfredo Ribeiro Bastos Filho;
Vice: Elias Raiol Bittencourt (pai do desembargador Elzeman da Conceição Bitencourt.
Vereadores: Alcides Costa de Azevedo, Cândido Duarte Sodré, Jorge Carvalho Gurjão, Daniel dos Santos Ferreira, Manoel dos Santos Oliveira, Manoel Ferreira da Costa, Raul Ferreira Monteiro.
Nesta eleição o prefeito eleito obteve1.302 votos pela Aliança Renovadora Nacional – ARENA, contra os 368 votos obtidos pela soma dos dois candidatos adversários que pertenciam ao Movimento Democrático Brasileiro - M.D.B.

Eleição em 15/11/1982 – (mandato de 6 anos) - Prefeito: Francisco Xavier Palheta;
Vice-Prefeito: Raimundo Saraiva dos Santos. Vereadores: Alcides Costa de Oliveira, Álvaro Henderson Barata, Esculástico Raimundo dos Santos, Osvaldo Moraes, Manoel Ferreira da Costa, Reinaldo Santos Paixão, Raimundo Oliveira.

Eleição em 15/11/1988 –
Prefeito: Raimundo Saraiva dos Santos;
Vice: Alfredo Ribeiro Bastos Filho.
Vereadores: Cleomar Felícia do Nascimento, Hilário Maciel da Silva, Dilermando Seabra Filho, Álvaro Henderson Barata, Imar Malcher Palheta, Alcides Costa Azevedo, Maria de Fátima Siqueira, Nelson Saraiva Soeiro, Osvaldo Moraes.

Eleição em 03/10/1992 –
Prefeito: Francisco Xavier Palheta;
Vice-Prefeito: Dinalva das Graças Saldanha de Medeiros.
Vereadores: Cleomar Felícia do Nascimento, Iolanda Gonçalves de Azevedo, Maria do Socorro dos Santos, Ana Luisa Mendonça de Oliveira, Dilermando Seabra Filho, Álvaro Henderson Barata, Deusarino Lobato da Silva, Nelson Saraiva Soeiro, Osvaldo Moraes.

Eleição em 03/11/1996 –
Prefeito: João de Deus da Silva Bastos;
Vice-Prefeito: Raimundo Saraiva dos Santos.
Vereadores: Luís Fernando Pinto Marques, Raimundo Sebastião Aranha, Gerson Felício, Walmir Lobo, Cleomar Felícia do Nascimento, Manoel Cardoso, Deusarino Lobato da Silva, Nelson Saraiva Soeiro.

Eleição em 01/10/2000 –
Prefeito: João de Deus da Silva Bastos;
Vice-Prefeito: Raimundo Saraiva dos Santos.
Vereadores: Valmin Corrêa da Trindade (PTB) – Presidente; Maria Lucimar Barata (PTB) – 1ª Secretaria, José Trindade Cardoso (PTB) – 2º Secretário, Cleomar Felício do Nascimento (PFL), Gerson Felício da Silva Filho (PMDB), Manoel Ferreira Cardoso (PSDB), Maria Tereza Furtado de Miranda (PPS), Roberto Nonato da Costa Santos (PMDB), Thiago Corrêa Braga (PSDB).
Com a edição da Lei de Responsabilidade Fiscal espera-se que o controle das contas públicas possa reverter em melhor e maior utilização das verbas públicas em benefício do Município.

COLARES DE PORTUGAL II

Selo portugues alusivo ao poeta e escrito Luis Vaz de Camões

PARAÍSO NA TERRA

Terra de extraordinária beleza, apreciada e cantada por grandes poetas a freguesia de Colares é uma jóia de que todos nos orgulhamos e que temos de saber preservar e valorizar.

Terra de palacetes e quintas erigidas por uma aristocracia que procurou recriar um “ambiente de sonho”, ajudada pelas potencialidades multiformes da paisagem, Colares ganhou, ao longo dos séculos, dimensão de um paraíso perdido ou de uma ilha dos amores para uma serenidade de amar.

Em Colares, a freguesia mais ocidental do continente europeu, sente-se ainda hoje, o tempo e uma coerência formal entre o patrimônio edificado e a paisagem cultural única no âmbito do espaço nacional e europeu.

Aliás, esta coerência formal sente-se muito para além da malha urbana da vila, pois, em Colares, o diálogo entre o homem e a natureza é uma constante.

Por causa da sua beleza natural e magia do seu patrimônio edificado, Colares desempenhou, desde os finais do século passado, um papel pioneiro no desenvolvimento turístico de Portugal, tendo-se transformado num dos destinos mais procurados no nosso País.

É com o intuito de apresentar aos visitantes as várias opções turísticas desta freguesia do concelho de Sintra que se elaborou o presente site onde se pretende mostrar, de uma forma sucinta, os pontos turísticos históricos mais importantes da região.


O Presidente

Alfredo Soares”

Neste início de milênio, Colares de Portugal a população residente em Colares é 7.472 indivíduos, sendo 3.577 homens e 3895 mulheres.



Colares
Região foi demarcada em 1908, e rege-se actualmente pelo Decreto-Lei nº. 246/94 de 24 de Setembro.
Situação Geográfica
O cultivo da vinha nesta região é muito antigo, pois em 1255, aquando da concessão do Foral à vila de Colares, já é mencionado neste documento a existência de vinho nesta região. Porém, é com a chegada da terrível doença “Filoxera”, em 1864, que os vinhos de Colares atingem maior fama, pois esta doença que dizimou praticamente toda a vinha na Europa não atacou a vinha de Colares, aqui plantada em chão de areia. Esta região abrange as freguesias de Colares, S. João das Lampas e S. Martinho.
Solos / Vinhedos
Os solos da região encontram-se classificados em dois tipos:
Chão rijo: solos calcários pardos de margas ou materiais afins.
Chão de areia: Regossolos pramitias de areias assentes sobre materiais consolidados.

Castas
Chão Rijo:: Brancas: Malvasia.
Tintas: João Santarém,
Chão de areia:: Brancas: Malvasia
Tintas: Ramisco

Vinhos

Tipos de Vinho Título Alcoométrico Mínimo Branco 10,0% vol. Tinto 10,0% vol.
Estágio Mínimo Obrigatório
Branco :6 meses antes do engarrafamento + 3 em garrafa.
Tinto :18 meses antes do engarrafamento + 6 em garrafa.
Características Organolépticas
Vinhos Brancos: ricos em cloretos, de cor palha, acídulos e macios com aroma muito característico.
Vinhos Tintos: Ricos em cloretos, taninosos, ásperos quando jovens, tornando-se equilibrados e aveludados quando devidamente envelhecidos, desenvolvendo um agradável bouquet.
Ligação Bebidas / Iguarias
Brancos: Ligam bem com peixes e mariscos, Ex.: robalo no forno, sargo grelhado, santola recheada, sapateira e acepipes variados.
Temperatura aconselhável para bebê-los : 12ºC
Tintos : Estes vinhos ligam bem com carnes vermelhas não condimentadas ou de confecção rica. Ex.: filet mignon, carnes de porco grelhadas e criação.
Temperatura aconselhável para bebê-los : 18ºC

COLARES DE PORTUGAL

Brasão da Vila de Colares em Portugal, hoje, Freguesia de Colares.

A história de Colares de Portugal é contada desta forma por seus habitantes:

‘Colares
Notará o visitante, quando chegar a Colares, que aquilo é vila antiga. E com razão, pois por ali andaram os romanos, os mouros fizeram dela povoação importante, e os cristãos sempre lhe dedicaram um carinho muito especial. Em 1255, D. Afonso III deu-lhe foral; foi posse do Condestável D. Nuno Álvares Pereira e novo foral lhe atribuiu D. Manuel I em 1516. Foi sede de concelho até 1855.
Como dizia Beckford, a terra de Colares, com os seus vales e colinas, a sua várzea, eram para ele «uma origem de perpéctuo encantamento». De facto, verá quem por ali passar um pedaço do paraíso terreal, um canto sublime deste mundo onde habitamos. Há-de o visitante interessar-se pela Igreja de Nossa Senhora da Assunção; a histórica Quinta Mazziotti; o velho Pelourinho e o casario amontuado e denso, denotando ainda uma malha medieval.

“A VILLA DE COLLARES

Nas faldas da serra de Cintra, uma legua ao oeste da villa d’este nome, está sentada a villa de Collares à sombra de frondosos arvoredos. Pela encosta da serra sobranceira à povoação vão subindo algumas casas, quintas, e mattas de castanheiros. Inferior à villa estende-se um fertil valle, denominado Varzea, todo coberto de pomares, e cortado pelo rio das Maças, que vae desaguar no oceano d’ahi uma legua. É pois sobremodo amena e deliciosa a situação de Collares.
Quanto à sua origem pouco se sabe, só sim que é muito antiga, e que já existia no tempo dos romanos, porque d’isto dão testemunho muitas medalhas e inscrições romanas, que ali têm sido encontradas.
Tambem não consta o que passou sob as diversas dominações, a que esteve subjeita a Lusitania depois da queda do imperio romano. Provavelmente viu-se livre do jugo sarraceno ao mesmo tempo que a sua visinha Cintra, que foi resgatada por D. Affonso Henriques.
El rei D. Diniz deu foral a esta villa em Maio de 1255. D. João I fez doação d’ella ao condestavel D. Nuno Alvares Pereira em Agosto de 1385. Depois, passando successivamente a differentes netos d’este heroi, veio a pertencer à infanta D. Beatriz, mãe d’el-rei D. Manuel, pela morte da qual entrou Collares outra vez no dominio da coroa. Este ultimo monarca deu-lhe então novo foral em Novembro de 1516, augmentando-lhe muito os antigos privilegios.
Sobre a etymologia do nome de Collares, parece melhor opinião a que o deriva dos dois collos ou collinas, sobranceiros à Várzea, em que a villa está edificada.
Collares teve tambem o seu antigo castello, e tão antigo que nada se sabe ao certo relativamente à sua fundação. No reinado d’el-rei D. Sebastião, e ja anteriormente, o senado da camara servia-se d’elle para diversos usos do ministerio publico. Porém no tempo dos Filippes de Castella, querendo D. Diniz de Mello e Castro, que foi bispo de Leiria, de Vizeu, e da Guarda, estabelecer n’esta villa a sua residencia, pediu e alcançou a posse do castello, que logo transformou em um palacio, juntando-lhe uma bella quinta, actualmente pertencentes a seus herdeiros.
D’esta fortaleza provavelmente procedem as armas da villa, que são um castello entre arvores.
Tem Collares uma só parochia dedicada a Nossa Senhora da Assumpção. A casa da misericordia foi fundada por D. Diniz de Mello e Castro.
Nas proximidades da villa, em logar plano, mas um pouco mais alto, está o edificio do extincto convento de Sant’Anna, que pertenceu aos religiosos carmelitas. Deu principio a esta fundação frei Constantino Pereira, que morreu em 1465, e era sobrinho do condestavel D. Nuno Pereira. Na capella-mór da egreja está sepultado o seu padroeiro, o bispo D. Diniz, e n’outras sepulturas, em um carneiro, e em dois tumulos de marmore, varias pessoas da sua familia, entre as quaes se contam Antonio de Mello e Castro, e seu filho Caetano de Mello e Castro, ambos vice-reis do estado da India.
Não muito distante de Collares, junto ao oceano, ergue-se a ermida da Peninha sobre um elevado rochedo. Diz a lenda, que, no tempo de D. João III, andando um rapariga muda a pastorear n’esta serra varias ovelhinhas, lhe fugira uma, e depois de procurar, e apparecendo-lhe então ahi Nossa Senhora lhe deu falla. A narração do caso attrahiu logo áquelle sitio todos os povos das visinhanças. Descobriu-se entre as fendas da rocha uma imagem da Virgem, feita de pedra, que immediatamente foi transportada para uma antiga ermida de S. Saturnino, perto d’ahi. Desapparecendo, porém, a imagem por tres vezes, e indo-se sempre achar na mesma penedia, sobre esta se lhe construiu ao principio uma pobre ermida, que no anno de 1673 foi desfeita, e em seu logar edificou a actual Pedro da Conceição, gastando n’ella uma boa herança, que recebera, e fazendo-se ermitão de Nossa Senhora. É o templo pequeno e de humilde apparencia no exterior, porém interiormente é rico de mateiriaes e d’arte, pois que todas as paredes e o altar-mór são de marmores de côres em obra de mosaico. Os marmores foram tirados da mesma serra, a pouca distancia da ermida. Este santuario é ainda hoje de bastante devoção, e concorrencia, porém outr’ora affluia ali muito maior numeros de fieis, e era visitado de muitos cirios e romagens.
Pouco adiante de Collares fica o logar de Almocegeme, e perto d’ahi duas curiosidades naturaes dignas de se ver: a Pedra d’Alvidrar sobre o oceano, e o Fojo mais no interior.
A villa de Collares é cercada de muitas e formosas quintas, das quaes só especialisaremos a de rio de Milho por encerrar a mais gigantesca e vicosa camelia, que ha em toda a Estremadura.
O sitio chamada a Varzea é dos mais lindos e amenos dos arrebaldes da villa. As aguas do rio das Maças, represadas ahi em uma ponte de pedra, deixam gosar o prazer de navegar-se em um pequeno barco, que ali há para esse fim, pelo rio acima até certa distancia, sempre entre pomares, e debaixo do copado arvoredo.
A uma legua da villa está a praia das Maçãs sobre o oceano, onde termina o rio d’este nome, e o valle de Collares. Vão ali muitas famílias tomas banhos do mar na estação propria.
O termo de Collares produz grande abundancia de excellentes frutas, que abastecem a capital, e se exportam para Inglaterra, e de vinhos, que são estimados, e se assimelham aos de Bordeus. (Extrato do Livro “As Villas De Cintra”.)
JUNTA DA FREGUESIA DE COLARES – PORTUGAL
Av.ª dos Bombeiros Voluntários, 77 – Várzea de Colares
2710 Colares
Tel. (01) 929-0788 – Fax (01) 928-3453 “.

O BARÃO DO GUAJARÁ


DOMINGOS ANTONIO RAIOL, Barão do Guajará, nascido em 30 de março de 1830 nas terras de sua família, que hoje encontram-se no município de Colares (há época parte do Município de Vigia), filho de Ancângela Maria da Costa Raiol e Pedro Raiol, era casado com Maria Vitória Pereira Chermont, rica herdeira, sobrinha do Visconde de Arari, Bacharel em Direito, carreira em que diplomou-se com 24 anos de idade, presidiu as províncias do Pará, Ceará e São Paulo. Historiador erudito, foi deputado provincial em 1864, e ao término do mandato deputado do Parlamento Nacional. Em 03 de março de 1883 recebeu de D. Pedro II o título de “Barão do Guajará”. Reeleito em 1889 com a proclamação da República teve seu mandato interrompido com a dissolução do parlamento. Foi ainda o criador da Sociedade Quinze de Agosto, organização que reunia a elite intelectual da época em torno de manifestações políticas e literárias. Escreveu a clássica obra ‘’Motins Políticos ou História dos Principais Acontecimentos Políticos da Província do Pará desde o ano de 1821 até 1835", considerada a primeira obra histórica importante sobre a Cabanagem. Foi incorporada pela historiografia oficial do período imperial e parte do período Republicano e até recentemente consistia na explicação mais aceita do movimento cabano. Entre seus escritos encontra-se ainda “História Colonial do Pará” , publicada na Revista da Sociedade de Estudos Paraenses, Tomo I, Fasc. VI, outubro a dezembro de 1894.

Em sua obra citada, o Barão do Guajará, referiu-se ao fato de ter sido a Ilha de Colares um dos locais em que a ação dos Cabanos desenvolvia-se de forma crescente

QUILOMBO DO CACAU

A presidente da Associação Quilombola de Cacau e Ovos, Sueli de Almeida em assembléia geral
Na localidade de Cacau, na porção Nordeste da Ilha de Colares, em frente à sede do município de Vigia de Nazaré, existe uma comunidade de remanescentes de escravos negros, cujos descendentes eram provenientes de Benguela no Continente Africano. Trazidos para o Norte do Brasil, muitos foram utilizados como mão-de-obra nas lavouras de cana de açúcar, cacau e outros produtos que eram comercializados e exportados para a Europa. Tanto na localidade de Cacau quanto na localidade de Ovos, ambas situadas na Ilha de Colares encontramos descendentes de escravos e de ex-escravos que ali habitam.

Na propriedade havia plantações de cana-de-açúcar, engenho e escravos. Entre eles, Francisca e Catarina, oriundas de Benguela na África. A primeira, mãe da escrava Angela, bisavó do Sr. Avelino de Almeida, que até hoje, reside na comunidade do Cacau. Nesta localidade, havia o Engenho do Barão do Guajará que produzia cachaça e rapadura da cana-de-açúcar. Havia a Casa-Grande, uma represa, construída de pedras e diversos poços; um forno para olaria, utilizado para produzir telhas e utensílios. Ainda hoje, há, ruínas que retratam e rememoram aquela época.
Atualmente, o acesso a sede da Comunidade Quilombola é feito a partir da localidade de Guajará, em Colares, atravessando-se de barco, por cerca de 30 minutos o rio Guajará-Miri e o Rio Tauapará até a entrada do igarapé Cacau. Outra forma de chegar-se à Comunidade Quilombola é a partir do porto da Vigia, de barco, atravessando-se o Rio Guajará-Miri e o rio Tauapará por cerca de 20 minutos.
Assegurou a Constituição Federal de 1988, nos artigos 215 e 216, os Direitos Culturais e Históricos às Comunidades Remanescentes de Quilombos, elevando as terras dos remanescentes de quilombos à condição de Território Cultural Nacional.
O Parágrafo 5º do Art. 216 prevê que “Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscência históricas dos antigos quilombos”.
A Fundação Cultural Palmares, com sede em Brasília desenvolve suas atividades voltadas para o reconhecimento e valorização da raça negra no país. Até o primeiro ano do século XXI foram identificadas, no Brasil, mais de 740 Comunidades Remanescentes de Quilombos. Foram reconhecidas 38 e tituladas 18 comunidades.

O CAFÉ, AS PRIMEIRAS MUDAS NO BRASIL PLANTADAS EM COLARES

Busto de Francisco de Mello Palheta, vigiense, introdutor do café no Brasil, construído em Ribeirão Preto-SP

Apesar de produto colonial, o café, “coffea arabica”, foi a primeira produção brasileira cujo ciclo econômico foi controlado por brasileiros, permitindo o início da acumulação de capitais no país, nas mãos dos grandes fazendeiros, dos grandes exportadores e dos traficantes de escravos. Isto foi decisivo para consolidar a hegemonia do centro-sul, proporcionando, os primeiros surtos da industrialização do país, com o capital acumulado.
O café é originário da Abissínia, hoje Etiópia, no continente Africano. Após ter chegado ao Iêmen, foi ofertado como presente ao rei Luís XIV. Enviado às Antilhas francesas posteriormente foi contrabandeado para o Suriname (antes Guina Holandesa) e após, chegou clandestinamente à Guiana. França dominava a produção e comercialização do grão.
O café é da família Rubiáceas, gênero Coffea. Em árabe “kahwah” : o excitante ou do etíope Kaffa.
A introdução do café em território brasileiro foi feita em maio de 1727 através FRANCISCO DE MELO PALHETA. Nascido no município da Vigia, ele ocupava o cargo de sargento-mor a serviço de Portugal tendo sido enviado ao Oiapoque em busca de marcos fronteiriços das Montanhas de Ouro, que não foram encontrados, seguindo até Caiena na Guiana Francesa, onde recebeu de Claude d’Orvilliers - governador de Caiena - as primeiras sementes de mudas de café.
As mudas eram guardadas sobre vigilância cerrada pelos franceses, tendo sido proibido sua cessão aos portugueses. Apesar das precauções francesas, cerca de 1.000 pés foram trazidos ao Brasil e plantados, nas áreas de propriedade de Palheta, localizadas entre as bocas dos igarapés Arapijó e Guajará.
O café adentrava o território nacional a partir da Ilha de Colares. As terras pertencentes à Francisco de Melo Palheta, foram concedidas através de Carta de Sesmaria que determina sua localização sendo publicada em capítulo adiante.
Posteriormente e por quase dois séculos o café, foi, juntamente com açúcar e cacau, a base da economia do Pará, que também produzia baunilha. Em 1743, atendendo a solicitação da Câmara Municipal de Belém, a Corte proibiu a entrada no Reino, de similar estrangeiro, do produto cafeeiro.
Somente após longos anos é que o café passou a ser produzido em grande escala em outras regiões do país.

A CABANAGEM EM COLARES

O Cabano Paraense. Pintura de Alfredo Norfini, 1940. Museu de Artes de Belém

Colares também fez parte desta revolta popular, onde os braços armados dos índios, negros, mamelucos e descontentes em geral, uniram-se e derrubaram o governo opressor controlado pelos portugueses tomando o poder na Província, com a invasão da capital da Província, Belém, em 07 de janeiro de 1835, desencadeando fatos que marcariam para sempre a história do Pará.
A população pobre que vivia em cabanas cobertas em sua maioria de palha, situadas às margens dos rios e igarapés e aos arredores das vilas na Província, aliadas aos negros e índios, e incentivados por fazendeiros descontentes com o poder local, revoltaram-se, levando praticamente todo o Pará a ser dominado pelos pelos cabanos.

terça-feira, 25 de maio de 2010

APARECIMENTO DE OVN's EM COLARES


No ano de 1977, houve uma série de incidentes e ocorrências de fenômenos anormais e assustadores, envolvendo Objetos Voadores Não Identificados – OVNI’s no Município de Colares. Testemunhas oculares, vitimas de abordagem, muitas ainda hoje residentes no município, presenciaram o aparecimento de luzes e objetos com formas não humanas e luminosas que deslocavam-se em altíssima velocidade sob as casas e ruas de Colares. Diversos moradores alegaram terem sofrido diretamente a ação dos fenômenos, tendo resultado, em alguns, um sinal corporal, em geral na forma um pequeno orifício avermelhado. Enquanto apareciam as luzes e sabedores de que estas chegavam a atravessar as paredes e telhados de residências, os moradores, atônitos, buscavam afugentar o fenômeno desconhecido construindo fogueiras nas ruas e em frente as casas.
Tais ocorrências não limitaram-se à Ilha de Colares. As Regiões do Salgado e Bragantina foram palco do aparecimento de estranhos objetos e luzes, manifestações que tiveram seu epicentro no município de Vizeu no Pará, distante 264 km da Capital, Belém do Pará.
O Comando Áereo Regional da Aeronáutica, enviou equipe afim de apurar “in loco” os acontecimentos. Fazia parte da missão, o comandante Pinon, que em palestra realizada no Instituto de Desenvolvimento Integral – IDI, no ano de 2001, revelou aspectos do que designou-se “Operação Prato”. Uma operação dirigida pela Aeronáutica e que visava colher e manter sobre segredo de Estado as informações obtidas com os testes, equipamentos, e agentes nos locais onde havia notícia dos aparecimento de Objetos Voadores Não-Identificados. Popularmente, o aparecimento dos estranhos fenômenos era chamado popularmente de “Xupa-xupa”, demonstrando o temor das populações do interior diante dos episódios ocorridos. O material coletado é mantido em sigilo pelas autoridades aeronáuticas e militares, tendo sido repassado aos centros mundiais aeroespaciais, em especial à agência espacial americana NASA.
Reunidos em Brasília, ufólogos brasileiros e estrangeiros de 19 países participaram do Primeiro Fórum Mundial de Ufologia, no período de 07 a 14 de dezembro de 1997, no Parlamento Mundial da Fraternidade Ecumênica, Parlamundi da Legião da Boa Vontade - LBV, divulgaram a “Carta de Brasília” em que pugnaram por uma séríe de medidas a serem adotadas pelos organismos oficiais afim de tratar-se com a devida seriedade e atenção, o fenômeno UFO, em especial os fatos ocorridos em Colares-PA.
Os fenômenos diminuíram de intensidade no final da década de 70 daquele milênio, ficando porém registrados na memória coletiva da Ilha de Colares.