quarta-feira, 26 de maio de 2010

COLARES DE PORTUGAL

Brasão da Vila de Colares em Portugal, hoje, Freguesia de Colares.

A história de Colares de Portugal é contada desta forma por seus habitantes:

‘Colares
Notará o visitante, quando chegar a Colares, que aquilo é vila antiga. E com razão, pois por ali andaram os romanos, os mouros fizeram dela povoação importante, e os cristãos sempre lhe dedicaram um carinho muito especial. Em 1255, D. Afonso III deu-lhe foral; foi posse do Condestável D. Nuno Álvares Pereira e novo foral lhe atribuiu D. Manuel I em 1516. Foi sede de concelho até 1855.
Como dizia Beckford, a terra de Colares, com os seus vales e colinas, a sua várzea, eram para ele «uma origem de perpéctuo encantamento». De facto, verá quem por ali passar um pedaço do paraíso terreal, um canto sublime deste mundo onde habitamos. Há-de o visitante interessar-se pela Igreja de Nossa Senhora da Assunção; a histórica Quinta Mazziotti; o velho Pelourinho e o casario amontuado e denso, denotando ainda uma malha medieval.

“A VILLA DE COLLARES

Nas faldas da serra de Cintra, uma legua ao oeste da villa d’este nome, está sentada a villa de Collares à sombra de frondosos arvoredos. Pela encosta da serra sobranceira à povoação vão subindo algumas casas, quintas, e mattas de castanheiros. Inferior à villa estende-se um fertil valle, denominado Varzea, todo coberto de pomares, e cortado pelo rio das Maças, que vae desaguar no oceano d’ahi uma legua. É pois sobremodo amena e deliciosa a situação de Collares.
Quanto à sua origem pouco se sabe, só sim que é muito antiga, e que já existia no tempo dos romanos, porque d’isto dão testemunho muitas medalhas e inscrições romanas, que ali têm sido encontradas.
Tambem não consta o que passou sob as diversas dominações, a que esteve subjeita a Lusitania depois da queda do imperio romano. Provavelmente viu-se livre do jugo sarraceno ao mesmo tempo que a sua visinha Cintra, que foi resgatada por D. Affonso Henriques.
El rei D. Diniz deu foral a esta villa em Maio de 1255. D. João I fez doação d’ella ao condestavel D. Nuno Alvares Pereira em Agosto de 1385. Depois, passando successivamente a differentes netos d’este heroi, veio a pertencer à infanta D. Beatriz, mãe d’el-rei D. Manuel, pela morte da qual entrou Collares outra vez no dominio da coroa. Este ultimo monarca deu-lhe então novo foral em Novembro de 1516, augmentando-lhe muito os antigos privilegios.
Sobre a etymologia do nome de Collares, parece melhor opinião a que o deriva dos dois collos ou collinas, sobranceiros à Várzea, em que a villa está edificada.
Collares teve tambem o seu antigo castello, e tão antigo que nada se sabe ao certo relativamente à sua fundação. No reinado d’el-rei D. Sebastião, e ja anteriormente, o senado da camara servia-se d’elle para diversos usos do ministerio publico. Porém no tempo dos Filippes de Castella, querendo D. Diniz de Mello e Castro, que foi bispo de Leiria, de Vizeu, e da Guarda, estabelecer n’esta villa a sua residencia, pediu e alcançou a posse do castello, que logo transformou em um palacio, juntando-lhe uma bella quinta, actualmente pertencentes a seus herdeiros.
D’esta fortaleza provavelmente procedem as armas da villa, que são um castello entre arvores.
Tem Collares uma só parochia dedicada a Nossa Senhora da Assumpção. A casa da misericordia foi fundada por D. Diniz de Mello e Castro.
Nas proximidades da villa, em logar plano, mas um pouco mais alto, está o edificio do extincto convento de Sant’Anna, que pertenceu aos religiosos carmelitas. Deu principio a esta fundação frei Constantino Pereira, que morreu em 1465, e era sobrinho do condestavel D. Nuno Pereira. Na capella-mór da egreja está sepultado o seu padroeiro, o bispo D. Diniz, e n’outras sepulturas, em um carneiro, e em dois tumulos de marmore, varias pessoas da sua familia, entre as quaes se contam Antonio de Mello e Castro, e seu filho Caetano de Mello e Castro, ambos vice-reis do estado da India.
Não muito distante de Collares, junto ao oceano, ergue-se a ermida da Peninha sobre um elevado rochedo. Diz a lenda, que, no tempo de D. João III, andando um rapariga muda a pastorear n’esta serra varias ovelhinhas, lhe fugira uma, e depois de procurar, e apparecendo-lhe então ahi Nossa Senhora lhe deu falla. A narração do caso attrahiu logo áquelle sitio todos os povos das visinhanças. Descobriu-se entre as fendas da rocha uma imagem da Virgem, feita de pedra, que immediatamente foi transportada para uma antiga ermida de S. Saturnino, perto d’ahi. Desapparecendo, porém, a imagem por tres vezes, e indo-se sempre achar na mesma penedia, sobre esta se lhe construiu ao principio uma pobre ermida, que no anno de 1673 foi desfeita, e em seu logar edificou a actual Pedro da Conceição, gastando n’ella uma boa herança, que recebera, e fazendo-se ermitão de Nossa Senhora. É o templo pequeno e de humilde apparencia no exterior, porém interiormente é rico de mateiriaes e d’arte, pois que todas as paredes e o altar-mór são de marmores de côres em obra de mosaico. Os marmores foram tirados da mesma serra, a pouca distancia da ermida. Este santuario é ainda hoje de bastante devoção, e concorrencia, porém outr’ora affluia ali muito maior numeros de fieis, e era visitado de muitos cirios e romagens.
Pouco adiante de Collares fica o logar de Almocegeme, e perto d’ahi duas curiosidades naturaes dignas de se ver: a Pedra d’Alvidrar sobre o oceano, e o Fojo mais no interior.
A villa de Collares é cercada de muitas e formosas quintas, das quaes só especialisaremos a de rio de Milho por encerrar a mais gigantesca e vicosa camelia, que ha em toda a Estremadura.
O sitio chamada a Varzea é dos mais lindos e amenos dos arrebaldes da villa. As aguas do rio das Maças, represadas ahi em uma ponte de pedra, deixam gosar o prazer de navegar-se em um pequeno barco, que ali há para esse fim, pelo rio acima até certa distancia, sempre entre pomares, e debaixo do copado arvoredo.
A uma legua da villa está a praia das Maçãs sobre o oceano, onde termina o rio d’este nome, e o valle de Collares. Vão ali muitas famílias tomas banhos do mar na estação propria.
O termo de Collares produz grande abundancia de excellentes frutas, que abastecem a capital, e se exportam para Inglaterra, e de vinhos, que são estimados, e se assimelham aos de Bordeus. (Extrato do Livro “As Villas De Cintra”.)
JUNTA DA FREGUESIA DE COLARES – PORTUGAL
Av.ª dos Bombeiros Voluntários, 77 – Várzea de Colares
2710 Colares
Tel. (01) 929-0788 – Fax (01) 928-3453 “.

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